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COMENTÁRIOS DA LIÇÃO DA ESCOLA SABATINA

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021


Lição 8

A lei da aliança

Gilberto Theiss

Introdução

Daniel Westing era um simples cidadão, dono de uma academia de ginástica. Entretanto, algo surpreendente mudaria radicalmente sua vida. Westing conheceria uma jovem chamada Victoria, e um namoro de oito anos os levaria ao altar do matrimônio, no dia 19 de junho de 2010. Não há nada de mais nesse relacionamento, a não ser o fato de Victoria ser uma princesa e herdeira do trono da Suécia. Nesse casamento morganático, de um nobre com alguém de posição social inferior, Daniel Westing receberia o título de príncipe, adotando o nome da família real – Bernardotte.

A exemplo do que ocorreu com Daniel Westing, Deus fez uma aliança com um povo que, do ponto de vista social, era sem nenhuma importância. Nesse caso, que outra justificativa encontraríamos para Deus aceitar Israel como povo escolhido se não o amor, a bondade e a misericórdia?

Eleição de Israel

A positiva eleição de Israel é expressa em Deuteronômio 7:7 e 8. Ele não foi escolhido por ser um povo numeroso, o que não era, mas em virtude do amor de Deus. Com base na premissa da bondade e do amor, Deus fez uma aliança com Abraão e seus descendentes. Por esse motivo, Ele guiou Seu povo ao longo da história, retirando-o da escravidão no Egito (v. 8) e conduzindo-o até a terra prometida, Canaã, que seria a terra da liberdade e da prosperidade, atributos desconhecidos na terra egípcia, lugar de escravidão. Houve uma mudança radical, pois eles passaram:

a) de escravos para cidadãos honrados;

b) da miséria para a fartura;

c) do desprestígio para o valor;

d) do sofrimento para o júbilo;

e) da dor para o prazer,

Isso foi apenas um pequeno resumo do que o Deus de Israel estava disposto a fazer por Seu povo eleito. A graça de Deus desejava fazer muito mais por aquela nação, se ela permanecesse firme e leal à Sua aliança. Essas promessas seguramente se aplicavam tanto aos israelitas quanto a qualquer outro povo que aceitasse, através de Israel, fazer parte do projeto divino, pois se buscassem ao Senhor, receberiam um nome melhor do que o de filhos e filhas (Is 56:3-8).

Deus anuncia Sua aliança

Deus libertou Israel da escravidão egípcia para viver em uma terra de liberdade e prosperidade. Liderado por Moisés, o povo atravessaria o deserto com destino à terra prometida. Contudo, antes de chegar a Canaã, deveria primeiro passar pelo Sinai. Essa exigência ensina que, embora a justificação tenha ocorrido no Egito, através do sangue passado nos umbrais das portas (Êx 12:12, 13), a lei também exercia um importante papel no pacto entre o povo e Deus. Quando Israel se estabeleceu ao pé do Sinai, o monte foi tomado por uma luz incandescente de fogo que, de forma incrível, criou um claro contraste com as trevas. O “decreto imperial” foi proclamado em meio a terremotos, relâmpagos, nuvens e sons de trombetas, de maneira que as pessoas tremiam diante do Senhor (Êx 19:16-19). O temor de Israel aumentava à medida que o barulho das trombetas e a voz de Deus se intensificavam. Essa teofania teve um grande impacto espiritual, de tal maneira que se tornou um prólogo em diversos hinos e passagens poéticas na religião hebraica. Então, com a atenção plenamente voltada para a voz de Deus, que vinha do fogo, das nuvens e dos sons de trombetas, os Dez Mandamentos foram pronunciados e escritos pelo próprio Deus nas tábuas de pedra. Mas, diante da aparente contradição existente entre lei e graça, no que diz respeito à salvação, qual seria o exato papel da lei na aliança? Por que ela deveria ser recebida e aceita antes que o povo entrasse em Canaã? Isso poderia sugerir salvação também pelas obras? É fato que os Dez Mandamentos ou qualquer outra lei da Torah não possuem poder justificador capaz de inocentar os homens diante de Deus, porém a rejeição consciente e proposital da lei evidencia a censura que a justificação sofre na consciência e no coração do indivíduo. A recusa em obedecer à vontade de Deus é um claro desprezo ou repúdio para com a soberania do Deus da aliança. A justificação do pecador arrependido claramente ocorre antes que ele receba a lei no coração, como ocorreu com o povo no Egito, antes de chegar ao Sinai, mas a justificação encanta a consciência e motiva o pecador a repelir o mal do coração, negando a si mesmo, desejando ser novamente à imagem e semelhança do Deus da aliança. Ou seja, embora a santificação não promova justificação, a justificação conduz o arrependido e contrito pecador à santificação. Nesse caso, tanto a santificação quanto a glorificação ocorrerão como resultado da justificação. Por exemplo, no santuário terrestre, o sacrifício ocorria no pátio e o sangue era aspergido tanto no santo quanto no santíssimo, o que nos leva a crer que a graça é o que permeia todas as ações da Divindade na vida humana, desde o pátio até o santíssimo.

A lei de Deus

A lei de Deus é um reflexo do caráter do seu Legislador e era o intuito Dele impressionar o povo com Sua santidade. Dessa forma, podemos afirmar que:

a) O objetivo das leis era instruir o povo quanto à maneira pela qual deveria viver em Canaã;

b) Era necessário que se tornasse um povo diferente das nações pagãs;

c) A lei mostrava o caráter que era aceitável diante de Deus;

d) Israel deveria ser reconhecido como povo santo, eleito e diferente dos que praticavam a idolatria e a maldade;

e) A lei, ao ser observada, criava uma clara identidade de pertencimento: “Eu sou o Senhor, seu Deus[...]”; “Não tenha outros deuses diante de Mim [...]”; “Eu os tomarei por Meu povo e serei o seu Deus” (Êx 20:2, 3; Êx 6:7; Jr 32:38).

Na cultura egípcia da época, escrever o nome de alguém na pedra tinha a finalidade de atribuir eternidade à pessoa. Por isso os faraós ordenavam que seus nomes e os nomes de seus deuses egípcios fossem talhados nas pedras. Portanto, como Israel estava acostumado com a cultura egípcia, quando Moisés desceu do monte com as palavras da lei escritas em pedras, de imediato o povo entendeu que se tratava de leis sagradas e eternas. A lei eterna de Deus foi apresentada no Sinai para mostrar ao povo a trágica condição em que ele se encontrava diante da justiça divina. A pecaminosidade da natureza humana não favorecia uma obediência ao nível de tal justiça. Por mais que tentassem obedecer à lei da aliança, o melhor que conseguissem ainda seria considerado “trapos de imundície” (Is 64:6). Mas se a observância da lei não pode justificar o ser humano, por que ela foi dada no Sinai e por que sua observância foi exigida pelo Autor da lei? O esclarecimento para essa intrigante pergunta se encontra em Êxodo 20:24. “Façam um altar de terra para Mim e sobre ele vocês sacrificarão os seus holocaustos, as suas ofertas pacíficas, as suas ovelhas e os seus bois; em todo lugar onde Eu fizer celebrar a memória do Meu nome, virei até vocês e os abençoarei” (Êx 20:24). Após ter dado a lei, Deus instruiu o povo a levantar um altar e fazer o sacrifício. Portanto, o que a lei não era capaz de fazer pelo pecador sincero e contrito, a graça faria. O sangue derramado no altar, ao pé do Monte Sinai, significava Deus Se incluindo na aliança como personagem central. Na aliança, Ele seria:

a) O preço pago pela dívida da transgressão humana;

b) O sacrifício perfeito como fruto da obediência perfeita Dele;

c) O substituto da humanidade na penalidade imposta pela lei;

d) A esperança para o ser humano que deseja viver a aliança eterna;

e) O caminho para a chegada na Canaã celestial.

Então, revigorados e encantados pela bondade e amor de Deus, nasce no coração o desejo de conhecê-Lo mais, a sede de estar em Sua presença e o prazer de glorificá-Lo através da sincera obediência à Sua vontade – guardando, em especial, os Seus mandamentos (Mt 5:16; Jo 14:15, 21).

Conclusão

A exemplo de Israel, por meio de Cristo, fomos libertos da escravidão do mal para viver em novidade de vida. Liderados pela ação do Espírito Santo, estamos atravessando o deserto terrestre da vida com destino à terra prometida – o Céu. Mas, enquanto não chegamos à Canaã celestial, devemos continuar nossa peregrinação ao lado de Cristo, demonstrando, por gratidão, lealdade à Sua vontade. Por amor a Deus, mesmo com os pés ainda trilhando o chão desta Terra, com perseverança manteremos os olhos bem fixos no Céu – onde, em breve, pelos méritos de Cristo, estaremos acampados para sempre.